XI Mostra Bordados Poéticos 2021 – Inscrições encerradas!

As inscrições para a XI Mostra Bordados Poéticos 2021 estão encerradas!

Agradecemos a todos que participaram!

Fiquem atentos às datas importantes da Mostra:

• Período de inscrições: 7 a 28 de março de 2021
• Prazo máximo para envio das fotografias: 1 de agosto de 2021
• Divulgação dos pré-selecionados: 8 de agosto de 2021
• Envio dos bordados pré-selecionados: 16 de agosto de 2021

Clique aqui para ler o regulamento da XI Mostra Bordados Poéticos.

Sobre o tema:

Levantes: a perspectiva revolucionária da fiação coletiva.

Levantes: a perspectiva revolucionária da fiação coletiva será o tema de trabalho para o ano de 2021 da 11ª Mostra Bordados Poéticos, promovida pelo SESC Paraty e Coletivo Confio.

A longo prazo, as consequências das rotinas atípicas, demandadas pela presença do coronavírus, podem ser muito graves no tocante aos direitos das mulheres. Podemos apontar diversas situações observadas mundialmente durante o período de isolamento social: jornadas extensas de trabalho, desigualdade na divisão de tarefas produtivas e reprodutivas, o aumento da violência doméstica etc. Tais situações nos convocam para a reconstrução ainda mais urgente de políticas e ações que apontem para o fortalecimento, proteção, visibilidade e organização coletiva dos movimentos de mulheres por todo o globo terrestre.

Historicamente o papel social do cuidar é forjado à figura da mulher, construído como uma função de trabalho, nomeado como afetivo, sob um disfarce de um destino biológico, imposto pela divisão social das tarefas por um sistema que insiste em nos aprisionar, silenciar e oprimir.

Ao mesmo tempo, as múltiplas lutas das diversas correntes do feminismo contemporâneo nos fortalecem a cada dia, incentivando a assumir a liderança na coletivização, apontando caminhos de reconstrução de uma sociedade completamente explorada e destruída pelo sistema patriarcal, machista, racista e capitalista.

Movimentos liderados por mulheres trazem em suas pautas a criação de formas outras de se viver, permeadas por uma construção horizontal, plural, democrática, afetiva, inclusiva e sustentável.

O bordado e os diversos trabalhos realizados com linhas e agulhas sempre estiveram associados à formação e fazeres femininos. Além disso, carregaram por gerações, como uma distinção na produção e circulação desses fazeres, estereótipos de classe social e raça de quem os produzia. Tais técnicas foram impostas às mulheres pelo sistema patriarcal e colaboravam, como instrumento disciplinador, com a domesticação de seus corpos e silenciamento. Tal estratégia previa, através dos serviços domésticos e manuais, combater, subjugar e domar a mulher.

Curiosamente, a emancipação feminina tem início a partir desses trabalhos e ofícios. São as tecelãs operárias de distintas fábricas ao redor do mundo que realizam os primeiros levantes feministas, exigindo melhores condições de trabalho, direito trabalhistas, direito às mulheres trabalhadoras, tais como: como licença maternidade, equidade salarial, lavanderias comunitárias, creches para seus filhos etc.

Romper o isolamento, é descobrir novas dimensões da vida, instituir levantes é reivindicar coletivamente condições de vida mais democráticas, justas, plurais, combatendo formas de subordinação e obediência ao poder vigente absoluto, rígido, violento e explorador.

Nosso compromisso coletivo com a linguagem do bordado é de ressignificação e transformação de uma prática que, em muitos momentos, esteve contrária aos levantes femininos. Buscamos como inspiração para esta chamada os múltiplos movimentos de mulheres, as insurreições do feminismo, as lutas das operárias têxteis, os coletivos de artesãs trabalhadoras do fio, os círculos de mulheres, bem como os espaços comuns e de lutas feministas por todo território do Brasil e do mundo. Convidamos todas e todos para ampliar as possibilidades e potências do fio para a tessitura de novos futuros, coletivos e coloridos, e que as linhas nos mostrem o que realmente precisamos dizer para sermos ouvidas, para fazer reconhecer quem somos, o que podemos na fiação revolucionária.